Prefeitos da AMNOR priorizam a vida e adiam retorno das aulas presenciais

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Decisão foi tomada durante Assembleia, que contou com a participação de lideranças e técnicos de várias regiões de Minas

A Associação dos Municípios do Noroeste de Minas – Amnor – realizou, virtualmente, na manhã de 02 de outubro, sua 173ª Assembleia Geral com uma pauta que mexe com a vida de milhares de pessoas do Noroeste de Minas, o retorno ou não das aulas presenciais.

Debate

As discussões foram conduzidas pela Superintendente Administrativa da Associação, Ivonete Antunes, e contou com a participação de diversas lideranças e técnicos das áreas de educação e saúde de várias regiões do Estado. Ao fazer a abertura da Assembleia, o prefeito de Brasilândia de Minas e presidente da Amnor, Marden Junior, manifestou o desejo de retomada das aulas presenciais, mas pontuou as inúmeras dificuldades em tempos de pandemia, e ressaltou a importância de se preservar a vida.

Suely Rodarte, diretora executiva da Undime – MG, destacou a garra dos profissionais da educação, que em tempos de Pandemia, fizeram além do esperado e ressaltou o fato de que as cobranças, todas, recaem sobre os prefeitos, que estão diretamente ligados à população nos municípios. Ainda assim, ela manifestou sua preocupação com um retorno neste momento e pediu aos prefeitos que não retomassem as aulas presenciais. “Temos tempo para a educação, mas não temos como recuperar vidas perdidas”, disse Rodarte, justificando que o retorno às aulas aumentaria em muito a circulação nos municípios, “um grande perigo”.

Sueli concluiu defendendo um planejamento mais bem elaborado para 2021 e afirmando que quem vai abrir as escolas não é a educação, mas a saúde. O prefeito de Buritis, Doutor Kenny Soares, ressaltou que a doença é muito preocupante e tem alta taxa de letalidade. Ele falou sobre as ações de combate a pandemia e defendeu sensatez e cautela nas decisões, “que devem ser tomadas em conjunto com todos os municípios que compõem a Associação”.

Doutor Kenny afirmou que o controle da doença só se dará com segurança após vacina, agradeceu o empenho de todos os profissionais da educação e da saúde, e enumerou medidas que deveriam ser tomadas antes do reinício das aulas, que para ele não é este o melhor momento. “Educação é o futuro, tenho certeza que todos estão agindo da melhor forma. Que a gente possa encontrar soluções para retomada normal da vida”, disse doutor Kenny. Superintendentes regionais de ensino, secretários municipais, técnicos de saúde e de educação também se manifestaram durante a Assembleia, sendo a grande maioria contrária à retomada das aulas.

O superintendente de Ensino de Januária parabenizou a Amnor pela iniciativa da reunião e pediu cautela nas decisões. “Estamos tratando de vidas”, lembrou Antônio. Alessandra Marxb, representante da Associação Mineira de Municípios, lembrou que o momento era de difícil decisão intermunicipal, pediu muita ponderação por parte dos prefeitos, mas deixou claro que os municípios possuem autonomia. Ela colocou a AMM a disposição da Amnor e revelou que 50 por cento dos municípios de Minas Gerais já haviam se manifestado que não retomariam as aulas neste momento.

A superintendente de Ensino de Paracatu, Juliana Ribeiro, apresentou uma proposta de retorno gradual apenas do ensino médio, mas também ressaltou que era preciso muita sensatez e pensar primeiramente na preservação da saúde. Na mesma linha, a superintendente de Unaí, Aurora Carvalho, explicou: “quando falamos em retomada, não é de qualquer jeito, é com muita cautela e planejamento. Precisamos de planejamento e estamos abertos ao dialogo. Decisão não é para agora, é apenas uma proposta, para que possamos iniciar esse planejamento”.

O prefeito de Arinos, Carlos Alberto Recch Filho, disse que estava em constante reunião com sua equipe buscando alternativas para a retomada em seu município. “Temos que nos preparar para voltarmos à normalidade, mais cedo ou mais tarde teremos que voltar”, disse Recch, defendendo diálogo e ponderando que Arinos iria fazer uma reavaliação a partir das ponderações da reunião. Edgar Lima, prefeito de Guarda-Mor, disse que o retorno das aulas precisa ser muito bem planejado e sugeriu novas reuniões antes de uma decisão final. O prefeito de Paracatu, Olavo Condé, declarou que em conversa com o pessoal da educação, chegou a conclusão que a situação de Paracatu não é recomendável para retornar as aulas. Condé defendeu que seja feito um bom planejamento para 2021.

A representante do Comitê Macro da Covid em Patos de Minas, Noemí Portilho, revelou que a retomada das aulas foi assunto da reunião do Comitê Regional, onde se chegou ao mesmo entendimento do Noroeste de Minas. “Sei das pressões que os prefeitos acabam sofrendo, mas retomada agora é precipitada”. Noemí finalizou parabenizando a Amnor, que tem prefeitos com idéias coesa, e que tomam decisões em grupo. “Isso fortalece a região e a população”.

Decisão

Todos os municípios, através de suas lideranças ou dos secretários municipais representando os prefeitos, manifestaram em relação à retomada das aulas, mais de 90 por cento afirmou que este não é o momento. A Superintendente Administrativa da Amnor voltou a frisar que o papel da Associação é buscar soluções conjuntas e passou a palavra ao presidente para as considerações finais.

Marden Junior parabenizou profissionais da educação, que de acordo com ele são muito importantes para a base do ser humano, lembrou que governadores, presidente e judiciário jogaram as decisões para os prefeitos, “que sempre pagam o preço”, mas destacou: “Estamos aqui para isto mesmo”. O presidente finalizou questionando como iriam encarar o aumento dos casos? Como transportar estudantes em tempos de pandemia? Como conseguir dinheiro para seguir o protocolo do Estado? E concluiu com a informação de que a prioridade é a saúde da população, é salvar vidas.

Documento

Um documento com todas as considerações ponderadas durante a reunião foi confeccionado e publicado oficialmente pela Amnor. Veja inteiro teor.